Polícia indicia médico que transferiu Bruno Krupp para UTI por fraude processual - Rio de Janeiro-RJ

Foto/Divulgação

Brasil
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Para o delegado Aloysio Falcão, da 16ª DP, as explicações dadas por Bruno Nogueira Teixeira não foram suficientes para demonstrar boa fé no caso.

O delegado Aloysio Falcão, da 16ª DP, que investiga o caso atropelamento seguido de morte promovido pelo modelo Bruno Krupp, indiciou nesta quarta-feira (17) o médico Bruno Nogueira Teixeira por fraude processual no episódio em que ele transferiu o modelo para uma UTI.

Em depoimento na delegacia, o médico disse que tomou a decisão porque o quadro clínico do paciente 'estava se encaminhando para uma insuficiência renal' sendo necessário o encaminhamento para uma UTI e postergando a transferência de Krupp para uma unidade prisional.

"indicio Bruno Nogueira Teixeira pela prática do crime de Fraude processual em processo criminal, que se restaram apurados indícios suficientes de autoria e materialidade delitiva, diante da análise das evoluções médicas, depoimentos da equipe médica do Hospital Marcos Moraes, juntada de artigos médico-científicos e contradições no depoimento do indiciado', escreveu o delegado em sua decisão encaminhada o Ministério Público.

 

Modelo teria sido rude e pedido 'balanço' para urinar

O delegado se baseou no depoimento da equipe médica do Hospital Marcos Moraes, em que todos foram unânimes em dizer que o quadro clínico de Krupp sempre foi satisfatório para estar em enfermaria, sem alteração nos exames, e que aferição do volume urinário eliminado por dia foi prejudicado por um amigo de Krupp, que o acompanhava, e que nunca anotava a diurese do paciente, mesmo após orientação da equipe.

A equipe médica relata ainda que Krupp foi rude e agressivo e, em dado momento, no dia 4 de agosto, se recusou a urinar fora da ferramenta conhecida como "patinho" e teria dito para uma técnica de enfermagem "que somente conseguia urinar 'balançando'".

No entanto, a mudança no protocolo do paciente não se justificava visto que ele estava urinando em "patinho" todos os outros dias mesmo com as mãos atadas por causa de ferimentos, curativo feitos no Lourenço Jorge. Logo não ocorreu fato novo que justificasse a necessidade de "balanço".

 

Médico negou qualquer fraude

No dia 9 de agosto, o médico Bruno Nogueira Teixeira prestou depoimeno na 16ª DP, no inquérito em que é investigado por possíve fraude processual. Ele foi contratado pela família do modelo e influenciador digital Bruno Krupp para cuidar dele após o acidente de trânsito que terminou com um adolescente de 16 anos morto.

"Fui chamado para poder avaliar um paciente vítima de um politrauma severo e esse paciente evoluiu, como acontece em muitos casos desse tipo, para injuria renal aguda, que é uma lesão renal decorrente das rupturas das fibras musculares", comentou.

"O quadro estava se encaminhando para uma insuficiência renal aguda e por isso o paciente, pelo potencial de gravidade que envolvia o quadro de saúde dele, eu recomendei uma internação no UTI", explicou o médico.

Bruno Teixeira ainda afirmou que não conhecia a família de Bruno Krupp antes do acidente que terminou com a morte do adolescente João Gabriel.

"Fui envolvido profissionalmente no caso, não tenho nenhuma relação com a família da vítima. É um caso de comoção nacional e é por isso que estou sendo ouvido. Antes de mais nada, eu queria prestar minhas condolências à família do João Gabriel", comentou.

Apesar do médico afirmar que Krupp precisava de atendimento em uma UTI por possível problema nos rins, os laudos do Hospital Marcos Moraes, onde o modelo estava internado, liberavam o paciente para cumprir prisão preventiva em uma unidade prisional.

 

O caso

Bruno Krupp, de 25 anos, se envolveu em um acidente de trânsito no qual atropelou e matou um adolescente.

Caso fique comprovado que o médico atuou para enganar a Justiça no caso Bruno Nogueira pode ser enquadrado no artigo 347 do Código Penal, que fala em induzir juiz ou perito a erro, e que tem pena de detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Bruno Krupp debochou da blitz da Lei Seca na qual foi parado três dias antes de atropelar e matar o adolescente João Gabriel. Nos stories do Instagram a que o g1 teve acesso, Bruno primeiro postou uma foto, com a legenda “Hoje me fodi”, e depois fez um vídeo.

Em tom irônico, Bruno comentou:

“Na moral, mano. Eu amo Lei Seca. Eu amo. Amo. Já é?! Vamos ver qual vai ser o desenrolado da melhor forma, demorou?! Tamu junto... Os dois lados da pista. Vem, amor, vem brincar, vem brincar. Vambora!”

Nessa blitz, Bruno se recusou a soprar o bafômetro e recebeu multas por pilotar a moto sem placa nem habilitação.

Bruno está sob custódia policial em um hospital particular na Zona Norte do Rio pela morte, por atropelamento, do jovem João Guilherme.

A Justiça do Rio expediu um mandado de prisão contra o modelo, que responde por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

Ao contrário do que afirmou nesta quarta-feira (3) o advogado de Bruno Krupp, o modelo e influenciador não tem habilitação para pilotar motos.

“Ele só não tinha habilitação ainda porque o Detran, salvo engano, já tinha aferido a carteira dele. Ele só não tinha pego a carteira ainda”, disse William Pena, que representa Bruno, na porta do hospital.

A TV Globo apurou que o modelo nem sequer fez a prova prática do Detran para motos. Bruno apenas foi aprovado no exame teórico e ainda precisava cumprir a carga horária mínima de aulas de pilotagem nas ruas.

 

Fonte: G1

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