Professora que chamou alunos de 'esquerdistas' e os expulsou de laboratório de doutorado é desligada de programa por assédio - Amapá-AP

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Declarações da professora da Unifap foram enviadas por mensagens em aplicativo. Desligamento ocorreu após sindicância em programa que reúne instituições do Norte.

A professora Sheylla Susan Almeida, da Universidade Federal do Amapá (Unifap), foi desligada do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia (Rede Bionorte) após sindicância que considerou caso de assédio. A docente desistiu de orientar dois alunos justificando que eles eram “esquerdistas” e os expulsou do laboratório de doutorado.

Sheylla segue sendo alvo de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Unifap, que corre sob sigilo.

A decisão da Rede Bionorte foi tomada em reunião no dia 9 de novembro, mas só se tornou pública no fim de semana. Uma comissão avaliou o caso e descredenciou a professora das atividades do curso de pós pelos atos de assédio praticados contra a aluna Débora Arraes, que é professora na Universidade do Estado do Amapá (Ueap).

Débora, que estava sendo acompanhada por meio desse programa de pós-graduação, contou que já conseguiu um novo orientador e que aguarda apenas a homologação da mudança pela coordenação do programa.

A Rede Bionorte autorizou Débora a mudar de orientador e, além de descredenciar Sheylla, a proibiu de participar de reuniões do programa, comissões e de dar aulas. Apenas os estudantes que já estiverem em orientação poderão continuar com a professora.

Líbio Tapajós Mota é o outro acadêmico que foi abandonado pela orientadora. Ele é professor, tem 42 anos de idade, e era acompanhado por Sheylla por meio de outro programa, o de Pós-Graduação em Inovação Farmacêutica, em associação em rede com outras universidades da Região Norte. Mota disse que foi avisado da desistência da orientadora após o resultado das eleições em 2º turno.

 

O caso

A professora desistiu de orientar dois acadêmicos de doutorado da Unifap justificando que eles eram "esquerdistas". A medida foi anunciada no grupo do curso em um aplicativo de mensagens, no dia 2 de novembro.

Nas mensagens enviadas, a professora Sheylla Susan Almeida afirmou que se houvessem outros "esquerdistas" também poderiam pedir desligamento da orientação.

"Procurem outro professor para orientar vcs. Amanhã estarei entregando a carta de desistência da orientação de vcs. Não quero esquerdistas no laboratório. Portanto, sigam a vida de vcs. E que Deus os abençoe. Se tiver mais algum esquerdista, que faça o favor de pedir desligamento. Ou estão comigo, ou contra mim [sic]", escreveu.

Em nota publicada no perfil dela em uma rede social, Sheylla pediu desculpas aos alunos e disse que se excedeu nas palavras. O g1 não conseguiu contato com ela para falar sobre o desligamento da Rede Bionorte.

 

Confira a íntegra da nota da professora

Pedido Público de Desculpa

Eu, Sheila Susan, professora efetiva do Curso de Farmácia da Unifap, venho manifestar acerca dos fatos ocorridos em um grupo de WhatsApp que envolve dois alunos, meus orientados.

De início, cabe esclarecer que sou ser humano como qualquer outra pessoa capaz reproduzir sentimentos instantâneos.

Dessa forma, no calor das eleições, acabei me excedendo nas palavras onde disse para dois alunos que procurassem outro Orientador.

No entanto, minha missão como professora não acolhe esse tipo de conduta, posto que dediquei a minha vida pela educação.

Não serve preferência política, por razões pessoais, para segregar alunos e deixa-los a própria sorte.

Meus alunos são as peças mais importantes do binômio Aluno/Professor.

Assim, assumo que me excedi nas palavras e peço desculpas pelo ocorrido, as eleições passam e a educação fica!

Peço desculpas aos meus Alunos Líbio e Débora, à sociedade, bem como à Unifap.

 

Fonte: G1

 

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