Petiscos contaminados: Polícia Civil indicia quatro representantes da Tecnoclean por substância tóxica que pode ter matado cães - Brasil

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Polícia constatou que a empresa usou monoetilenoglicol – não recomendável para consumo humano e animal – em vez do propilenoglicol, usado na indústria alimentícia.

Quatro representantes da Tecnoclean – responsáveis legais e técnicos – foram indiciados pela Polícia Civil por falsificação na produção de petiscos que mataram 14 cães em Minas Gerais.

A delegada Danúbia Quadros disse em entrevista, nesta segunda-feira (5), em Belo Horizonte, que o crime é considerado hediondo e a empressa assumiu o risco. Os nomes das pessoas indiciadas não foram divulgados.

“Independentemente se é uma prática comum nesse mercado, a Polícia Civil entende que a empresa assumiu o risco do resultado, quando possivelmente trocou os rótulos", disse.

A delegada ainda destacou a incorreção na colocação dos rótulos nos produtos.

"A incorreta identificação dos rótulos gerou a entrega desse barril de monoetilenoglicol, que chegou na fabricante do petisco e que chegou ao consumidor final: os animais. Por isso que em alguns lotes foi detectada a presença de monoetilenoglicol. Por isso, nessa incorreta identificação de rótulos. Então a conclusão da investigação da Polícia Civil é nesse sentido: chegou ao consumidor final um produto alimentício que poderia ter sido vendido apenas para o ramo industrial".

Por meio de análises periciais e necrópsias feitas nos corpos dos cachorros, foi detectada a presença de monoetilenoglicol nos petiscos – não recomendável para consumo animal e humano – em vez do propilenoglicol, usado na indústria alimentícia.

 

Investigações

Danúbia Quadros informou que as investigações começaram no dia 19 de agosto deste ano e, durante este perído, houve inúmeras oitivas e diligências nas empresas, com apreensões de notas fiscais e documentos referentes aos fatos.

Ela contou que, no início, era apurada a venda de produtos impróprios para o consumo animal mas, no decorrer das apurações, o caso se agravou e a Polícia Civil entendeu como falsificação de produto, considerado crime hediondo.

Danúbia falou ainda que em uma conversa extraída do WhatsApp, com autorização judicial, o responsável técnico da Tecnoclean sugeriu que pudesse ter havido falha humana na troca de rótulo.

"Além da incorreta identificação de rótulos, a Polícia Civil identificou dolo eventual, ou seja, a empresa assumiu o risco de produzir o resultado: contaminação quando passou para a fabricante do produto animal algo que só poderia ter sido revendido para o ramo industrial", explicou.

Ainda segundo a delegada, se comprovado o dolo ou a culpa, os indiciados podem pegar de 10 anos a 15 anos de cadeia.

A empresa ainda pode ser responsabilizada em nível administrativo, com suspensão e interdição do negócio, e cível, em que os tutores são ressarcidos.

Danúbia explicou que a interdição e a suspensão das atividades da Tecnoclean não competem à Polícia Civil e, sim, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Ela disse ainda que a Polícia Civil apura somente a questão criminal dos acontecimentos.

 

Mortes

Quatorze cães morreram intoxicados em Minas Gerais depois de comerem os petiscos da Bassar, mas a delegada disse que em todo o Brasil esse número ultrapassa 50.

Segundo ela, há muitos casos subnotificados porque houve tutores que não registraram formalmente a denúncia e que somente comentaram sobre as mortes nas redes sociais.

 

Fonte: G1

 

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